quem dera camões se engane


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ESPREITA AQUI – um livro para quem gosta dos moliceiros
acabei de receber e ler, com prazer, os 3 últimos livros de Sérgio Paulo Silva, editados pela Câmara Municipal de Estarreja, dedicados aos painéis dos moliceiros, à arte xávega e ao mercantel

são livros sem quaisquer pretensões de sabedoria, mas em que o amor às coisas da terra se sente em cada página. são 3 declarações de amor em forma de piquenos livros.

o livro dedicado aos painéis dos moliceiros “Espreita Aqui” para além de um breve texto introdutório, recolhe 140 imagens de painéis, com uma impressão de muita qualidade. por apenas 10 euros, pode ser encomendado à Câmara Municipal de Estarreja, que suporta os portes. comprem-no que é memória de amor.

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uma nota sobre os livros e um executivo de que gosto cada vez mais

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não haverá muitas semanas recebi de Paulo Silva um email, anunciando a publicação dos livros, de que retiro as seguintes linhas:

“Há uns 3 anos, aos bocadinhos, ora no Guedes com o café da manhã, ora na esplanada da Alice esperando que minha mulher aparecesse para irmos para a praia, escrevi três livrinhos que não são mais que a minha memória e o meu olhar para algumas coisas nossas. Foram mostrados na Biblioteca de Estarreja ……..

A coisa para mim não era viável porque, devido ao nº de fotos, seria forçosamente superior às minhas posses. Mas agradou à vereação da CME que tentou a via da Fundação Madureira (gerida em parceria com a CMM). Não deu porque a CMM não avalizou. Ora, a CME avançou a solo. E finalmente estão aí. ……..

Chamam-se O Burro de Carga, sobre o barco mercantel; Espreita Aqui, sobre os painéis dos moliceiros e, finalmente, A Memória Fugidia da Areia, sobre a “nossa” arte xávega. Tudo, repito, não mais que a minha memória e o meu sentir……“

(nota: os sublinhados são meus)

é com tristeza que verifico que o executivo da câmara municipal do coração da ria se recusou a colaborar nestas publicações. a Torreira não deve pertencer à Murtosa, os moliceiros são barcos de outras terras e os mercantéis haja quem se preocupe com eles.

continuo a perguntar pela pátria do moliceiro e como bate o coração da ria. a resposta vem a cada nova notícia.

nem a pátria tem arrais à altura, nem o coração está em grande estado.

camões escreveu, no seu tempo, que “um fraco rei faz fraca a forte gente “, quem dera camões se engane.