postais da minha coimbra_18


sobre coimbra
os olhos deitam-se
e sonham o terem sido
praça do comércio
beco com saída


fui muito mais do que serei
o tempo é-me agora adverso
o tempo e os homens que nele
consomem o pouco que de mim
resta

as glórias de ter sido
os feitos secretos de um quotidiano digno
os beijos dados e pedidos
os filhos os amigos os amores
as memórias as lutas
sou cada dia mais cada dia menos

esperava mais
esperava o que sempre esperei
como eu tantos
o respeito a dignidade a consideração
um fim de acordo comigo
com o que fui
o que fiz
o que sou
o que merecemos

agora
olho tudo com medo de que mais um
me diga não és
porque não pode dizer não foste
amargam-me o futuro escasso
porque não me podem roubar a vida vivida

tenho-os em pouca conta
que pouco valem no serem assim abjectos
não deixarei porém que me calem
mesmo que agora já não tenha as forças que tive
os meus murmúrios serão o grito da revolta
CANALHAS

estou num beco
com saída

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