postais da ria (501)


não sei
de metáforas
nem da arte dos poetas
de entretecer versos

sei
da crueza da carne
das mãos da ternura
dos dedos que desenham
corpos
que se entregam
se penetram fundem possuem

sei
da loucura das bocas
das palavras silenciadas
prisioneiras de lábios cerrados
de línguas sorvidas
na voracidade dos desejos
desenfreados

sei
do renascer matinal
dos espasmos dos abraços
dos corpos cansados lassos

sei
que todo o início encerra
um fim

sei
que sei de mim

(murtosa; cais do chegado)