postais da ria (555)


em português nos entendemos
língua velha que não raiz
árvore que a cada dia floresce

português falamos sotaques
vários nos separam e unem
na diversidade somos palavras

abraçamo-nos sem faca na
manga quantas cores quantas
origens se fundem em nós

não somos os herdeiros de um ontem
que derrotámos mas construtores do futuro
sem preconceitos e sem vergonhas

descobriram agora que os lusíadas
a lírica foram escritos numa língua esquizofrénica
envergonhada diz luiz se assim foi

curvo-me perante estes libertadores
e em português me ergo desavergonhadamente

(bateira a arribar da faina; torreira; 2015)