o aparelhar da mão de barca, no fundo, debaixo do traste e à proa
(companha do marco; torreira; 2010)
a apanha de bivalves na ria de aveiro é, nos últimos tempos, o ganha pão dos pescadores.
a enguia quase não existe, o choco este ano rareou, o linguado pouco é.
restam os bivalves….
análises pagas pelos pescadores num laboratório espanhol de referência, contraditam a interdição imposta pelas análises feitas pela entidade nacional de referência, o IPMA, e dizem que não há qualquer perigo no consumo dos bivalves. os bivalves apanhados na ria de aveiro destinam-se quase em exclusivo ao mercado espanhol.
no meio deste desencontro de resultados quem não sobrevive são os pescadores.
o vídeo da “Ribeirinhas TV”, com entrevistas a pescadores é elucidativo
no aparelhar, a disposição do aparelho no barco é fundamental para que o “largar”, durante o lanço, decorra sem problemas.
a sequência de largar é: cala do reçoeiro; manga do reçoeiro; saco; manda da mão de barca; cala da mão de barca.
neste registo é a “manga da mão de barca” que entra no barco, seguir-se-á o “saco” que será amarrado à bica da ré e irá assentar na “cala da mão de barca”, que já está por debaixo do traste e à meia proa do barco, depois a “manga do reçoeiro” e, finalmente, a “cala do reçoeiro” sobre todo o conjunto.
aqui, um espreitar para o por dentro.
(companha do marco; torreira; 2010)
o cansaço
pendurado do corpo
no peso de ser ainda
o suporte desta coisa de pensar
lentos os movimentos
procuram ser mais do que
todo o tempo é leve
e pesa como séculos
um homem
corre contra
lento
quase não
nunca desistente
o resistir
mais forte que o corpo
cansam-me os olhos
de ver
as fotos mais “espectaculares” da xávega são as que registam o embate do barco com a vaga.
para captar esses momentos é preciso conhecer o tipo de declive da costa, usar lentes adequadas e escolher o ângulo máquina/barco.
no caso da torreira a costa tem uma configuração que os pescadores definem da seguinte forma: praia, lago, cabeço, largo.
os embates podem-se dar ao largar, no lago, ou no cabeço. quando o mar permite, o arrais aproveita o “liso” para largar e depois vai “galeando” no lago, até encontrar outro liso no cabeço e ganhar o largo.
a minha experiência, diz-me que tenho de estar preparado para que o embate com a onda se dê em qualquer dos dois locais, por isso a minha objectiva preferida é uma tele 18/270m que me permite com uma só máquina, cobrir as duas situações.
claro que para registar um embate no cabeço seria ideal ter uma tele superior a 300mm, mas isso implica ter mais uma máquina, o que nem sempre dá jeito: dentro de água, com duas máquinas ao pescoço …..
este registo foi feito com a tele no máximo e num cabeço muito mais afastado que o habitual.
são sugestões, nada mais do que isso. sugestões, com muita água pela cintura ….