crónicas da xávega (477)


para o meu amigo agostinho trabalhito

apanhei rente ao mar  
três seixos rolados
de cores diferentes
como diferente é tudo

entrechocando-se na mão
produzem um som áspero
um som de memória perdida

encostados ao ouvido
nada dizem
são simples pedras
não búzios

também eu
trago no corpo o mar
o mar que ninguém ouve

(torreira; 2016)