um grão de areia
uma lágrima
um beijo
um instante
o sonho de um voo
tão pouco e tanto
assim nós
todos
quase nada
quase tudo
quase
um grão de areia
uma lágrima
um beijo
um instante
o sonho de um voo
tão pouco e tanto
assim nós
todos
quase nada
quase tudo
quase
à memória do arrais zé murta; torreira; 2009
A primeira pergunta que esta publicação pode suscitar é: porquê só agora? Porque o momento é este e não outro.
Que fique ainda claro que há duas coisas que me movem: a defesa da xávega e a defesa dos golfinhos. As dúvidas que procurarei expor ao longo do que a seguir escrevo, se esclarecidas, serão um contributo para o esclarecimento geral e final.
É verdade que não estive presente quando os factos se deram e que, como tal, não são minhas as fotos que foram divulgadas, só cheguei quando os golfinhos mortos aguardavam no atrelado e a polícia marítima ainda não tinha chegado.
Por tudo isso, não farei afirmações, limitar-me-ei a levantar questões suscitadas pelas entrevistas dadas ao Jornal de Notícias e à RTP, por aqueles que testemunharam todo o drama: os membros da companha.
Vejamos a reportagem do JN da autoria de João Paulo Costa:
“ Um cardume com cerca de 50 golfinhos, seguia de norte para sul. estava a um quilómetro da costa. passou por trás das redes, mas, de repente, inverteu a direcção e entrou nas redes, ficando preso”, conta ao JN, Bruno Murta, proprietário da companha envolvida no acidente. “ De imediato, entramos na água. Felizmente o mar estava calmo e deixou-nos com pé. Cortámos as redes e libertámos uns 40 golfinhos”
É óbvio que as duas citações têm um intervalo no tempo, que não foi respeitado na escrita, é impossível entrar na água, no nosso mar e com pé, até um quilómetro da costa. Resta portanto saber o que poderá ter acontecido no intervalo de tempo que medeia entre o entrar dos golfinhos nas redes, a cerca de um quilómetro da costa, e o “De imediato …..”.
A um quilómetro da costa as mangas da rede estão ainda completamente abertas, e as cordas que as puxam para terra (reçoeiro e mão de barca) distam cerca de 300 metros, é neste momento que as decisões têm de ser tomadas para tentar a libertação do grupo de golfinhos. as minhas dúvidas são as seguintes:
Se tudo isto foi tentado e nada resultou então estamos perante, não um acidente, ou um erro, mas uma impossibilidade de salvamento em tempo.
Se a rede continuou a ser puxada (alada), então condenaram-se os golfinhos a virem dentro dela e chegarem à praia, onde aconteceu o relatado na frase que começa com “ De imediato….” e aconteceu o que só podia acontecer nessas circunstâncias.
Aliás, Marlene Murta, uma das donas da companha, na entrevista à RTP esclarece esta dúvida ao referir que o “imediatamente” é quando o saco chega à praia.
(ver : http://www.RTP.pt/noticias/index.php?article=668029&tm=8&layout=122&visual=61)
Ainda segundo a notícia do JN só houve 11 golfinhos mortos, ora no dia seguinte, veio outro morto no saco e não sabemos nada em relação aos que foram devolvidos ao mar e em que condições.
Ainda na notícia do JN é referido que, cito, “O comandante da capitania de Aveiro, Santos Oliveira, lamenta o acidente e diz que a capitania nada pode fazer, porque a xávega é uma arte autorizada”.
É aqui que a minha preocupação se centra: “ a culpa é da xávega”!!!!!!!!
No momento em que a União Europeia anda “em cima” das companhas por causa das capturas, não desejadas, dos “jaquinzinhos” e em que se conseguiu que todos os partidos, com assento parlamentar, aprovassem uma recomendação ao governo, que permite a venda do peixe miúdo do primeiro lanço e do que se fizer na maré seguinte, repondo a tradição, sem pôr em causa a sustentabilidade do carapau na nossa costa, e garantindo que as, pelo menos, 22 companhas existentes em Portugal continuem a trabalhar, um “caso” como este pode afectar muito negativamente a ideia que a Comissão Europeia tem da xávega e a imagem que dela têm as pessoas, cada vez mais sensíveis a situações como esta.
Ouvimos tantas vezes falar em “erro médico”, mas nunca se põe em causa a medicina, investiga-se o indiciado. Não é estranho que, neste caso, sem qualquer investigação, uma entidade responsável, ponha logo em causa a xávega?
Por isso, como estudioso e amante da xávega e defensor dos direitos dos animais, não podia deixar de me colocar estas interrogações e esperar que aqueles que tão bem sabem o que se passou, e como, me ajudem a entender tudo, respondendo às questões que levanto.
Questiono tudo e todos, por hábito intelectual, até não me restarem dúvidas. Seria até interessante que o “Jornal de Estarreja” promovesse um debate sobre este tema, onde todos pudessem serenamente analisar o que aconteceu e apontar caminhos para que tal não se repita.
Não sou, nunca fui, nem serei mentiroso, mas sou uma pessoa minimamente informada e que pensa. Por isso gostava de ver esclarecidas totalmente as minhas dúvidas. Todas as achegas, concretas e precisas, e que vão para além de meras considerações do tipo “se….”, ou insulto, serão bem vindas.
Até lá, se acontecer alguma coisa, a mim ou ao meu carro, será provavelmente a um quilómetro da costa.
Anexo:
Reportagem do JN
momentos de alegria
torreira; companha do marco; 2010
torreira; 2009
espero um tempo outro
talvez um nunca
talvez um sonho de tempo
fora do tempo
deste
queria dizer-te
que amargos são estes dias
de tão fraca gente
sobre duas pernas
falsamente erectos
embora nem rastejantes
espero um tempo outro
certamente não para mim
mas que importa se não é meu
todo o tempo
mas todo o sonho do urgente
virá e será
desde que foi retomada a tradição da romaria da srª do bom sucesso, em janeiro/fevereiro, que os pescadores da torreira, realizam em julho uma festa para angariação de fundos da romaria do ano seguinte.
este ano, pela primeira vez, foram os pescadores que arcaram com todo o trabalho e não tiveram mãos a medir, nem medo, que deles e com eles tudo se pode esperar.
as fotos que constam deste álbum são uma pequena amostra, como é meu costume, entrego todos os anos ao pároco da torreira, um cd ou dvd, com todas as fotos e é a ele que devem ser pedidas.
abraço e parabéns a todos os que contribuíram para mais este convívio onde o porco no espeto, as sardinhas e o carapau fizeram bom trabalho na angariação de fundos.
o caldo verde, diz quem o comeu, estava uma delícia.
tudo se esgotou.
delmar viola e ana nascimento
momentos de alegria
companha do marco; torreira; 2010