as obras de remodelação dos cais do Bico, mostram à evidência, ou aos olhos de quem por lá passa em dia de maré cheia, que há algo que não está bem. então a água entra no cais como se a ria se prolongasse por ele dentro? é essa a ideia de um cais: ficar debaixo de água?
as imagens estão aí, tiradas por mero acaso em 2012 e 2013, no verão, em dias de marés vivas, mas sem chuva, imagine-se uma situação de maré viva e com chuva…..
repare-se na foto em que é claro que a cota dos cais remodelados está abaixo da do cais da marina. porquê? o que terá levado a que se tivesse feito desse modo? quem fez o projecto conhecia o Bico? quem o aprovou, fiscalizou a obra e a recebeu, conhecia o Bico? para estas perguntas, que normalmente não teriam cabimento, a resposta teria de ser sim. porque esse é o princípio que rege toda a obra: o saber do onde, como,para quê e para quem. só que no caso do Bico, face o resultado elas surgem naturalmente.
talvez encontre uma resposta para o abaixamento da cota: ficar ao mesmo nível do lado oeste (do mar) do Bico.
mas quem conhece o Bico sabe que os cais centrais ficavam sempre debaixo de água quando ocorriam marés vivas. então a obra teria sido uma boa altura para os elevar e impedir que isso voltasse a acontecer. mas não, agora a ria já não passa por cima da lama, passa por cima da pedra e de alguns milhões de euros malbaratados.
assisti ao assentamento da parte final da calçada e, a foto atesta-o, o piso ainda estava cheio de sal da última maré cheia. quem pode dar garantias sobre esta calçada?
depois inventaram uns muretes de cimento para impedir que a água entrasse, mas esqueceram-se que a água também pode vir de baixo…. mais uns euritos. a menos que se estivesse a pensar em fazer piscinas para que algumas crianças pudessem gatinhar pela primeira vez nas águas da ria.
isto para não falar nos molhes, onde é suposto as embarcações atracarem, e que em vez de serem na vertical – como foi feito mais tarde na ribeira de Pardelhas e está a ser feito na Cambeia, permitindo uma atracação fácil, com pequenas escadas chumbadas no encosto – se optou por uma inclinação tal que foi necessário reconstruir ou reinventar os cais palafitas de antes das obras.
quantos milhões de euros custou a obra? quanto tiveram de gastar os utilizadores na construção dos acessos ao seus barcos? quanto tempo vão durar os cais centrais, a calçada? como é possível tanto erro e tanto dinheiro mal gasto? quanto custou tudo isto ao contribuinte? que imagem fica do Bico?
certamente que o Bico e a Murtosa mereciam melhor.
vão até ao Bico, vejam e, pelas marés de S. Bartolomeu, em agosto, pasmem.
por vezes, ver é inconveniente e pensar pode ser perigoso para certas poltronas.
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