(a propósito de “galveias”, o último do josé luis peixoto)
apetece-me não dizer nada
não juntar palavras
na tentativa de ao fazê-lo
dar algum sentido
a coisa nenhuma
não escrevo para
escrevo porque
estendo os braços sobre o tempo
abraço um nome
tantos nomes
um corpo
tantos corpos
a memória dos outros inscrita em mim
apetece-me não dizer nada
a leitura das grandes obras
deixa-me sempre um vazio
uma noção da pouca valia do que
por aqui vou deixando
sem pretensões
mas vou deixando
vou deixando