o lixo debaixo do tapete
lê tudo ao contrário
as horas da beleza
não são as únicas
horas da realidade
procura os homens
pergunta-lhes o como
quando e para quê
são eles o teu relógio
procura-os nas horas más
esconderam o lixo
por debaixo do tapete
na ilusão de terem limpo a casa
não sejam os teus olhos
tapete novo em chão gasto
dou-te a carne dos dias
para que sintas na boca o sangue
dos que os habitam
reparte-a
(torreira; cais do guedes; verão, 2015)