continuar

“andar à vara”
o que resta de mim
é o haver ainda
uma flor por nascer
outras que pouco vejo
mas sinto minhas
abro os olhos cansado
cada dia mais seco
agarro-me às raízes
enterradas fundo no mar
ao moliço da ria antiga
vara espetada no lodo dos dias
empurrando um casco velho
abro os olhos cansado
cada dia mais seco
reinvento-me para continuar

tanta arte quanto à vela
(torreira; regata do s. paio; 2010)