ao pescador da torreira

reparar as redes da solheira
far-te-ás no tempo
desfazendo o que de ti
fizeram
afirmar-te-ás negando
que todo o fim
é negação de início
seres tu é tarefa
em que não podes estar só
a companhia surgirá quando
de velhas companhias livre fores
és mestre do incerto
senhor do saber esperar
por isso te digo
não
não tens o que mereces
nem ninguém te oferecerá
o teu futuro

as horas que fazem o dia são poucas
(torreira, porto de abrigo dos pescadores)