quentes e ….(1)

o carregar da rede, depois de seca, na zorra
têm sobre tudo opiniões
do que se deve fazer
raramente fazem
o que os ouço dizer

a rede é a noiva dos pescador
(torreira; companha do marco; 2013)
quentes e ….(1)

o carregar da rede, depois de seca, na zorra
têm sobre tudo opiniões
do que se deve fazer
raramente fazem
o que os ouço dizer

a rede é a noiva dos pescador
(torreira; companha do marco; 2013)

há questões que não são de direita, nem de esquerda, são apenas de bom senso e entendimento.
tudo passa pela sua explicação simples e completa, por alguém a quem elas não são estranhas, porque as estudaram e analisaram com todos os dados que, raramente, são do conhecimento público – nosso.
o livro “Desobedecer à União Europeia” da autoria de josé manuel pureza, apresentado pelo editor, antónio luís catarino, comentado pelo professor doutor jorge bateira, faculdade de economia da universidade de coimbra, e uma síntese pelo autor, permite-nos, depois de uma audição atenta e descomprometida, dos 3 clips que se seguem, entender muito do que anda por aí desentendido.
clip 1 – apresentação do editor e primeira parte do comentário
clip 2 – conclusão do comentário do professor jorge bateira
clip 3 – síntese do autor
memória das regatas

um bom bordo
são muitos os que querem
vão armados com o melhor
trazem tudo e muito mais
não dão nada
têm medo de se perder

a arte de velejar um moliceiro
(torreira; regata do s. paio; 2013)
umbiguices

a espera, o espelho, calma ria, calmaria
tenho do umbigo a noção
exacta da sua função
foi por ele que me alimentei
no ventre de minha mãe
nada mais
agora aí está melhor ou pior
desenhado na barriga
sem quaisquer funções
não perco por isso tempo
em contemplá-lo
a olhar para o umbigo
muito boa gente anda
no dizer afiado e simples
da sabedoria popular
sentam-se na sua vidinha
sabem todos os nomes
que abrem portas e janelas
não incomodam para
não serem incomodados
como eu os entendo
umbigo só há um
e agora a mãe é outra

toda a beleza é pouca aqui
(torreira; regata das bateiras à vela; s. paio, 2012)
as mortes da vida

a teresa, a cacilda e a olívia (falecida)
os dias são imensos
plenos de areia e mar
sal suor mãos peixe
como se penas as escamas
fazem delas aves
poisadas na beira mar
debicando peixes
são as mulheres da torreira
que à torreira do sol
ganham o quinhão de pão
chamo-as pelo nome
e a olívia
responde-me da memória
a vida está cheia de mortes

a teresa, a cacilda e a olívia (falecida)
(torreira; companha do marco; 2012)
da cidade

corre o norte na ria e os moliceiros
o silêncio enche-se de silêncios
sem palavras sem mãos sem música
uma ilha no meio do oceano
é paraíso
no meio da cidade é inferno
desabito-me

como se a motor
(ria de aveiro; regata da ria; 2009)
algemas

alar da solheira
lembro-me de tudo
o que não quero
carrego comigo
memórias teimosas

silêncio, quero ouvir a ria
(torreira; alar da solheira)
saber o mar

como se cavalo fora
tratam o mar por tu
insultam-no abraçam-no
sabem-no e sabem
que mar que é mar
é não ser sabido
poderão ser os últimos
mas serão sempre
os primeiros

pancada de mar
(torreira; companha do marco; 2012)
falar de mim

um instante de tempo
os primeiros gestos
ninguém os viu
os primeiros sons
só ele os ouviu
a vida
inicia-se em segredo
como em segredo
permanece o seu fim
isso te queria dizer hoje
para falar de mim

do discurso da elegância
(murtosa; regata do bico, 2009)
palavras para mim

as palavras necessárias
livros eram três de histórias
para uma menina que nesse dia
seis anos breves fazia
a minha neta mais nova
a rosarinho
junto um postal em forma de flor
e palavras do avô
ao telefone
o livro de que gostei mais foi o da flor
porquê
quis saber
tinha palavras para mim

há palavras à espera
(ria de aveiro; torreira)