quando, em vieira de leiria, o mar em terra de negro se veste
o verão. o sol a pino. os sobreiros: muitos.
a terra amarela: tanta. um homem só: o chapéu,
o colete. mais solitário ainda: o burro. o pó
cega a garganta. caminhos de areia percorro.
no plano o vento morre cansado: tão longe.
o monte. cães lentos ladram, não mordem.
as casas brancas, sempre. o friso azul debroa.
o vermelho: bandeira. o horizonte a perder.
a serra. a vida arrasta-se: tanto calor. o gado
pasta erva rala, mato seco. rasteiros pinheiros
tortos morrem: o sal. sobre o mar as dunas, os
calhaus. a areia: muita. a gente: pouca. assim
o malhão.
assim o alentejo!
nesta imensidão árida só teu rosto me humedece
os lábios.