infinitas manhãs
de gestos suspensos
no vazio de não haver tecto
infinitas manhãs
de impiedosas mãos desfiguradas
num enclavinhar de dedos
na lisura das paredes
infinitas manhãs
de doridos olhos encovados na palidez do rosto
arrastando-se fundos pelo dia imposto
infinitas manhãs
porque não me deixais dormir ?