Mês: Dezembro 2010
o tempo esse caminhante
carlos drummond de andrade_ o último dia do ano
arrais manuel firmino
levanto-me
abro a porta
o mar entra-me pela casa
tenho ondas no quarto
e há nortada
a chamar-me
navego ainda noutras águas
mais tintas que claras
a noite foi longa
o nevoeiro caiu pela madrugada
começo a acordar
há um grito que me chama
é o arrais
a voz ecoa no ar
trazida pelo vento norte
o mar está de feição
resta-nos tentar a sorte
jorge sousa braga_plano para salvar veneza (ii)
solheira_o largar (4)
tudo acontece quando menos se espera.
de passagem pela marina dos pescadores, vejo o trovão, fora de maré, a prepara-se para ir largar.
impossível resistir a mais uma, há sempre mais uma, saída para a ria, só que desta vez fomos 3.
o “mar não trabalhava” e, quando assim é, o trovão faz a solheira e o berbigão.
partimos
(torreira – ria de aveiro – canal de ovar)
jorge sousa braga_plano para salvar veneza (I)
o medo
tenho medo
do vento
daquela sombra
rente à parede
não me deixes assim
dá-me a tua mão
vamos as duas
em busca do sorriso
perdido
da alegria do sol
tenho medo
sabes
sou pequena
sou a tua pequena
mais uma não
sou também uma
e contigo
o medo foge
vem
(foto de sofia carvalho
http://www.facebook.com/album.php?aid=2065907&id=1340696876)
ahcravo_no teu corpo
solheira_colher (3)
o aparelho da solheira, como já devo ter dito algures, é constituído por um determinado número de redes – andares – unidos entre si, até um máximo de 20 e que se estende por uma centenas largas de metros.
de oito em oito andares é lançada uma bóia para marcar a posição e servir assim de referência a outras bateiras ao mesmo tempo que nos dá o alinhamento coma bóia inicial.
os andares têm a correr no cimo um tralho de bóias e no fundo um tralho de chumbo – este de acordo com os modelos mais modernos é constituído por uma corda por dentro da qual corre o próprio chumbo.
assim a rede assenta no fundo e nela emalham os peixes – chocos, linguados e, por vezes sarguetas – dos quais os dois primeiros são os verdadeiros objectos de captura
(ria de aveiro – algures no canal de ovar -com o joão costeira)