arrais manuel firmino


arrais manuel firmino

levanto-me
abro a porta
o mar entra-me pela casa

tenho ondas no quarto
e há nortada
a chamar-me

navego ainda noutras águas
mais tintas que claras
a noite foi longa
o nevoeiro caiu pela madrugada

começo a acordar
há um grito que me chama

é o arrais
a voz ecoa no ar
trazida pelo vento norte

o mar está de feição
resta-nos tentar a sorte

 

solheira_o largar (4)


alberto trabalhito_trovão

tudo acontece quando menos se espera.

de passagem pela marina dos pescadores, vejo o trovão, fora de maré, a prepara-se para ir largar.

impossível resistir a mais uma, há sempre mais uma, saída para a ria, só que desta vez fomos 3.

o “mar não trabalhava” e, quando assim é, o trovão faz a solheira e o berbigão.

partimos

(torreira – ria de aveiro – canal de ovar)

solheira_colher (3)


18 andares já foram

o aparelho da solheira, como já devo ter dito algures, é constituído por um determinado número de redes – andares – unidos entre si, até um máximo de 20 e que se estende por uma centenas largas de metros.

de oito em oito andares é lançada uma bóia para marcar a posição e servir assim de referência a outras bateiras ao mesmo tempo que nos dá o alinhamento coma bóia inicial.

os andares têm a correr no cimo um tralho de bóias e no fundo um tralho de chumbo – este de acordo com os modelos mais modernos é constituído por uma corda por dentro da qual corre o próprio chumbo.

assim a rede assenta no fundo e nela emalham os peixes – chocos, linguados e, por vezes sarguetas – dos quais os dois primeiros são os verdadeiros objectos de captura

(ria de aveiro – algures no canal de ovar -com o joão costeira)