(torreira; anos 90)
olho o peixe
salta na rede
estrebuchando na agonia do sufoco
também isto devo aprender
a linguagem da morte
não me será jamais estranha
gostaria de brincar
com aqueles peixes prateados
as minhas bonecas de menina
vivas
mas
este não é lugar de brincar
no meu rosto
a mulher que deste tamanho já sou
contempla o trabalho que a rede encerra
em que participei
com as migalhas que tinha para dar
como são grandes estes dias!
com eles cresço e fico maior
mulher do mar
(do meu livro "quando o mar trabalha")
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