Mês: Julho 2011
aos vencedores anónimos
ninguém pode desconhecer que a droga mais consumida, legal e mortífera, em portugal, é o álcool.
o seu consumo em excesso é uma das principais causas de morte no nosso país, quer directa, quer indirectamente.
as comunidades rurais e piscatórias são das mais afectadas por este flagelo. por isso, quando alguém se consegue libertar do seu consumo é uma vitória com uma dimensão muito superior ao que qualquer de nós pode imaginar.
nos últimos anos a torreira tem assistido a vencedores silenciosos na batalha contra o consumo. são homens que conseguiram por vontade própria abandonar totalmente o álcool.
são homens novos, remoçados e sorridentes. estão mais vivos que nunca e são felizes como não se lembram de o ter sido.
a todos aqueles que por este país estão em luta para deixar o consumo, ou já o conseguiram, quero deixar a minha homenagem com o retrato de um grande amigo que hoje aqui publico.
este é um vencedor anónimo, um herói silencioso, sorridente, humilde e sem medalhas, que não as que a si próprio todos os dias apõe.
quando o mar trabalha na torreira_henrique da bóia
(henrique da bóia; torreira; anos 90)
há quanto tempo não sonho afinal o mar não é de vinho e o ti borras nunca foi à américa ficámos onde nascemos lembro-me de criança ainda ajudar a minha mãe na escolha do peixe ver no meu pai o eu de amanhã as dunas eram então o meu esconderijo agachado no seu ventre espreitava o futuro era o mar que me chamava
à memória de carlos paredes
(no aniversário da morte de carlos paredes – 23 de julho)
que palavras
te dizer
agora
que tu já não?
mas tu
és ainda
não o seres
seria não teres sido
do pau de uma vassoura
em caxias
fizeste braço de guitarra
e tocaste
sem som
sem cordas
mas com alma
que palavras
te dizer
sobre pautas
com claves
aguardando as notas
que para ti
hão-de outros
escrever?
a guitarra geme
o homem vibra
os ouvidos choram e riem
por ti carlos
reedição da memória
sobre lawrence ferlinghetti

at-the-cafe-trieste-san-francisco-1975-left-to-right-lawrence-ferlinghetti-minelte-le-blanc-peter-le-blanc-howard-schrager-allen-ginsberg-harold-norse-jack-hirschman-bob-kaufman
http://aruasetima.wordpress.com/2010/12/31/essencial-de-lawrence-ferlinghetti/
poemas de lawrence ferlinghetti
quando o mar trabalha na torreira_teresa trabalhito
quando o mar é fêmea
quando os cisnes vogam na laguna
é assim quando se realizam as regatas de moliceiros na ria de aveiro.
as mais conhecidas são:
– torreira/aveiro (durante o mês de julho)
– bico (murtosa) em agosto na festa do emigrante
– torreira em setembro pelo s. paio (8 de setembro é dia da festa, mas a regata não tem dia fixo, depende da maré).
nesses dias os barcos, que já não são muitos, surgem dos diferentes embarcadouros, alindados e prontos para mais um reviver efémero.
vêm da murtosa, da bestida, de ilhavo, da torreira…. de toda a ria, onde ainda existem amantes destes barcos que os conservam para estes momentos.
os apoios para estas regatas, já o disse e repito-o, são os dos donos e uma migalhas do turismo de aveiro. a única câmara que apoiava financeiramente a manutenção de um moliceiro era a de ovar, mas até esse barco foi vendido para as viagens turísticas que partem de aveiro – cidade que nada tem a ver com os moliceiros e que os vai castrando para turista consumir.
assim vamos por cá
(torreira, 2010)