colhe
quem luta
para além do visível
persegue
o chão de um sonho
colheita
solidária esta
dos braços muitos
dos corpos mais
das vozes insilenciáveis
habemos povo
haveremos país onde
morena grândola
será terra nossa
sentida porque vivida
do autor:
Há um deus único e secreto
em cada gato inconcreto
governando um mundo efémero
onde estamos de passagem
Um deus que nos hospeda
nos seus vastos aposentos
de nervos, ausências, pressentimentos,
e de longe nos observa
Somos intrusos, bárbaros amigáveis,
e compassivo o deus
permite que o sirvamos
e a ilusão de que o tocamos
“Os gatos”, de Manuel António Pina
(in Como se desenha uma casa; ed. Assírio & Alvim, 2011)
para ler com o vídeo