passamos, meu amigo
passamos todos
alguns porém
deixam marcas fundas
na areia
no olhar o mar
no resistir
passamos, meu amigo
passamos todos
mas ficamos com os que ficam
neste tempo embalado
pelas ondas
voadas nos gritos das gaivotas
passamos, meu amigo
passamos todos
tu
tu foste à frente de muitos
por isso
nós
nós os que ainda por aqui andamos
sabemos o teu nome
conhecemos-te o corpo
e dizemos:
é tempo de mar vitor
bota!
(torreira; companha do marco; 2009)