ti antónio neto


ti antónio neto

ti antónio neto

 

 

foi tempo, ti antónio

mais um verão

em que demos os sorrisos

palavras poucas

mar tanto

peixe algum

 

foi tempo, ti antónio

cerra-se agora a névoa

sobre a praia

e só a memória tudo aclara

 

foi tempo, ti antónio

guardo ainda o abano de penas de gaivota

feito em dias de menos mar

pendurado na corda da roupa

à espera de quem passe e queira comprar

 

guardo mais, ti antónio

guardo um sorriso de criança

nuns olhos azuis

perdidos sempre mais além

 

além onde você agora

ti antónio

além ao pé de nós

 

 

(torreira; companha do marco; 2009)

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