os moliceiros têm vela (66)


da terra e das gentes

nem para mortalha, que tal não merecem

nem para mortalha, que tal não merecem

amortalhados serão os sonhos
na brancura de nada mais haver
que a memória

falarão dos dias havidos como se
tivesse de ser assim destino
fado português

ficam vozes perdidas no azul
aves de asas cortadas
um canto triste

tudo o que foi não será mais
não haver gente nesta terra
é ter ela o tamanho do seu
cemitério

que não descansem em paz

toda a beleza e é só pano

toda a beleza e é só pano

(torreira; regata da ria; 2014)