ser de
aprender a casa
como se sua
conhecer a rua
saber os vizinhos
a varanda sobre
a cidade o rio
a mercearia ainda
o pão e o jornal
os nomes no rosto
ser de
(torreira; regata de s. paio; 2014)
Mês: Março 2015
postais da ria (76)
é manhã lá fora
tudo é agora longe
líquida a tristeza
inunda tudo
sobe pelas paredes
invade os corpos
baços os olhos
não se sabem
sorriem por vezes
o sol entra pela janela
é manhã lá fora
quando sonhar é lembrar
(ria de aveiro; torreira)
os moliceiros têm vela (85)
os dias do tempo
os dias do tempo
não os sei
não os conto
os dias do tempo
digo-tos em surdina
para que os cantes
para que os sonhes
para que sejas
o que eu
nunca fui
(murtosa; regata do bico; 2010)
crónicas da xávega (55)
anoiteço-me
trago mar nos olhos
como se praia todo eu
areal onde ondas e espuma
sonho um barco
e é tarde cada dia mais
anoiteço-me
(torreira; companha do marco; 2014)
josé fanha na lápis de memórias em março de 2015
as palavras soltas, o pensamento livre, as ideias sobre isto de ser aqui português atento, interveniente. a voz, as ideias, o homem.
no dia 17 de março, de 2015, ao fim da tarde, na livraria lápis de memórias em coimbra, entre amigos.
os moliceiros têm vela (84)
autor
fui eu que os fiz assim
como se no início
a essência
a limpidez de tudo
nada é
regresso às raízes
à água da rocha
aos cristais perfeitos
crio e reinvento
sou autor de
(murtosa; bico)
o meu amigo basilius
a máscara esconde o homem
não o esconde o ser
um brilho de diamante puro
ilumina os gestos
caem as moedas
na arte da recriação do tempo
e são crianças quem as recebe
chama-se basílio
basilius é outro nele inteiro
(basilius; feira medieval de arzila, 22 de março de 2015)
os moliceiros têm vela (83)
da aprendizagem
o poeta menor
sentou-se na soleira
do poeta maior
na pedra fria da porta
colheu as pegadas do mestre
procurou palavras sentires
saberes da escrita
que admirava e não atingia
o poeta menor
levantou-se da soleira
do poeta maior
e tinha o rabo gelado
nada mais aprendera
que a frieza da pedra
(ria de aveiro; regata da ria; 2010)
postais da ria (75)
todos os dias
é tempo de foz
de ouvir as vozes do rio
silenciosos sons
espero o amanhecer
o sol nos olhos
no cansaço de tudo
todos os dias
anoitece mais cedo
(ria de aveiro; torreira)
os moliceiros têm vela (82)
dos dias aqui
palavra a palavra
construo os dias
o meu tempo é duro
afogo no betão
urbanas angústias
com navegar no asfalto?
(murtosa; regata do bico; 2013)
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