o meu amigo alfredo amaral
o tempo vai-se escrevendo
o nome dos amigos
os que partiram
os que ainda resistem
os que já não podem
escrevi o teu nome
alfredo quando menino ainda
vinhas para o mar
com a tua mãe e foi na areia
onde brincavas
que aprendeste a conhecer a arte
durante anos
mestre do reçoeiro
camarada de muitos
amigo de todos
mais um na companha
indo sempre para além
do que pensávamos
poderes dar
o ti américo que o diga
o marco que o negue
companheiro
ficas agora em terra
a olhar o mar
sei como te deve doer
mas doía-te mais o fazer
espero-te sempre a sorrir
a inventar um homem dentro
da criança grande
o mar ao pé de ti alfredo
é tão pequenino
(torreira; companha do marco; 2013)