crónicas da xávega (97)


as mãos do meu país

mãos sofridas

mãos sofridas

as mãos do meu país
sangram o pão que comem
andam descaídas desempregadas
cansadas depois de tanto e agora

as mãos do meu país
falam pouco ouvem muito calam
há quem queira matar a memória
das mãos do meu país

as mãos do meu país
no domingo vão sair à rua
quero ouvi-las a dizer o que querem

as mãos do meu país

mãos

mãos

(torreira; companha do marco; 2015)