haja uma pedra
é tarde para deixar de ser
os rios não voltam à nascente
nem me arrependo de ter nascido
sou o que cada dia descobre
o inesperado vindo do imprevisto
e não o somos todos?
na teia urdida por mãos hábeis
a arte é fazer crer que a vítima é outra
quando a aranha mata os pais
o mundo é cada vez mais dos répteis bífidos
fracos imitadores de animais sangue quente
haja uma pedra
(torreira; regata da bateiras à vela; s. paio; 2012)