o alberto trabalhito (trovão) e o necas

a solheira é uma rede de emalhar de 3 panos justapostos – 2 albitanas e um miúdo – ou rede de tresmalho.
o aparelho da solheira é constituído por um determinado número de redes – andares/rações. as malhagens e comprimento total estão definidas no “Regulamento por arte de emalhar”.
de oito em oito andares é lançada uma bóia para marcar a posição e servir assim de referência a outras bateiras ao mesmo tempo que nos dá o alinhamento coma bóia inicial.
os andares têm a correr no cimo um tralho de bóias e no fundo um tralho de chumbo – este de acordo com os modelos mais modernos é constituído por uma corda por dentro da qual corre o próprio chumbo.
assim a rede assenta no fundo e nela emalham os peixes – chocos, linguados e, por vezes sarguetas – dos quais os dois primeiros são os verdadeiros objectos de captura
este vídeo, dos primeiro que fiz, data do de 2010, contou a colaboração do meu amigo alberto trabalhito (trovão) e o necas (já falecido) para um lanço breve e perto do porto de abrigo.
por estranho que pareça queria dedicar este vídeo aos pescadores da torreira e ao necas que , mais que um cão, era um amigo de trovão e da linda.
além de guardar as redes e o barco ainda ia chamar um dos donos quando era preciso, quantas vezes o trovão dizia ao neca “vai chamar a linda” e o mesmo para a linda “vai chamar o trovão” …. e o necas lá ia.
se no filme o ouvimos ladrar é porque vão a passar outros barcos e ele como bom cão de guarda vai avisando que ali é a casa dos donos.
obrigado trovão por me teres levado contigo, obrigado alfredo miranda pela documentação sobre as artes de pesca.
espero ainda publicar mais alguns vídeos só sobre a alagem, com outros pescadores noutras bateiras.
quero que vivam a ria com os sons dela e as gentes que dela tiram sustento
(torreira; 2010)
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