para o zé titi
adormecem gaivotas na areia
sopra forte o norte
varrendo a praia
é inverno
atento caminha pela praia
busca um brilho
um pedaço perdido de verão
já houve mais diz-me
a crise também aqui se faz sentir
de poucas falas
sempre pronto a ajudar
é de terra este homem
aqui onde todos são de mar
veste-se de silêncio
difíceis as palavras
sentado num banco à beira ria
tem o tamanho do sorriso
a limpidez mais pura no olhar
chama-se zé titi
(torreira; 2010)