(coimbra)
retrato
postais da ria (372)
esboço do agostinho

torreira; agostinho canhoto; 2013
ti zé rebeço

ti zé rebeço, cais do bico; 22_06_2019

ti zé rebeço, cais do bico; 22_06_2019
retratos de rua
da memória dos dias (08/03/2012)
contam histórias
povoam as aldeias
com o negro da saudade
não choram em público
não se lhes sabe a idade
nem conhecem outra cor
são o tempo que foi
nele moram
guardam-se
são a memória de
terem sido mais
na casa vazia
a solidão
esperam-se
ignoram quanto
contam histórias às crianças
enganando o tempo
(condeixa; eira pedrinha)
ti zé rebeço
ti zé
eles pensam que sabem
porque atrás do nome
têm um título
são ignorantes
e não o sabem
ti zé
você não sabe que sabe
por isso é sábio
sabedoria ignorada
a da vida
(torreira; 2015)
rostos da torreira (2)
para o zé titi
adormecem gaivotas na areia
sopra forte o norte
varrendo a praia
é inverno
atento caminha pela praia
busca um brilho
um pedaço perdido de verão
já houve mais diz-me
a crise também aqui se faz sentir
de poucas falas
sempre pronto a ajudar
é de terra este homem
aqui onde todos são de mar
veste-se de silêncio
difíceis as palavras
sentado num banco à beira ria
tem o tamanho do sorriso
a limpidez mais pura no olhar
chama-se zé titi
(torreira; 2010)
os moliceiros têm vela (181)
retrato com moliceiro em fundo
calam-se
existem não são
estão mas
sorriem muito
a todos
amanhã
serão lembrados
no registo
não na memória
dos seus
piquenos que são
(torreira; regata da ria; 2010)