um homem só
um homem só
é
um homem só
o mais é
desperdício
de adjectivos
(torreira; s. paio 2012; corrida de chinchorros)
um homem só
um homem só
é
um homem só
o mais é
desperdício
de adjectivos
(torreira; s. paio 2012; corrida de chinchorros)
todo
todo o longe
é um perto
mais afastado
depende de ti
o não ser tanto
(torreira; regata s. paio; 2014)
retratado pelo amigo camilo rego
porque as palavras ditas estão no vídeo, ficam aqui as palavras escritas – enviadas por email – por uma amiga de lisboa a dizer do livro.
“Bom dia, António…
São quase 3 da manhã, começo agora mas não sei quando concluirei. É tanto o que despertou em mim a tua leitura, tenho dificuldade em começar.
Peguei no livro que recebi, o toque da campaínha, a minha mãe a perguntar do alto dos cento e tal degraus ” o que traz hoje ?”, através dos anos, trouxe-me a memória da peixeira, não no areal, mas numa rua de Lisboa.
Fazes a homenagem às rugas, aos sonhos desfeitos na espuma do tempo, à esperança no amanhã, ao continuar até…, remendas as redes da vida dura, entre sal, areia, gaivotas, MUITO MAR e algum amor.
O carapau, a sardinha sofrem quando o saco é aberto, para gozo dos veraneantes, que confundem o trabalho, morte, com uma festa.
Assisti no ano passado na Costa da Caparica e tentei mostrar aos meus netos a singularidade do morrer para viver.
Estão ali os que partiram, mas permanecem em ti e os que sobrevivendo se mantêm.
Estão afinal todos, contigo nas letras e no teu olhar.
Mas… Aquelas belas fotografias a que me habituaste no Facebook, ficam apagadas pela qualidade da edição.”
o vídeo da apresentação
a assistência retratada pelo amigo paulo delgado
com pedro lindim, presidente da associação de moradores da praia da tocha, retratados por camilo rego
não posso deixar de referir os momentos que mais me emocionaram durante a apresentação:
todos os presentes foram muito participativos e a todos agradeço o terem estado e aguentado a descarga emocional que a leitura do livro sempre produz. bem hajam
obrigado associação de moradores da praia da tocha, junta de freguesia da tocha e câmara municipal de cantanhede
obrigado tânia
para ti PAULO DELGADO já não há palavras, foram todas dentro do abraço.
até amanhã
plantaram-me
sobreiro
no meio do mar
(torreira; 2012)
(plano 15)
continuação de uma espécie de edição em banda desenhada virtual, com sequência diversa da do livro
o link para uma amostra no ISSUU
(torreira;1972)
plano 5o livro está aí, caminha e diz-se, cresce e faz-se.
sexta-feira pelas 21h30m nos palheiros da tocha mais uma apresentação.
todos os dias há pedidos de quem o viu e sentiu, de quem ouviu falar dele, de quem ainda não mas …. quer
nunca pensei fazer algo de que gostasse tanto e de que tantos gostassem.
começo aqui, agora uma espécie de edição em banda desenhada virtual
o link para uma amostra no ISSUU
quando
com joão costeira
quando te contarem
cala
mesmo sabendo que
falso
não perturbes o lento
desmoronar da casa
(torreira; o largar da solheira; 2010)
o meu arrais, joão da calada, nos anos 90, meu mestre e grande amigo
é tempo de falar da companha que me ajudou a trazer à praia este trabalho, dizendo os seus nomes.
na escolha dos textos: maria josé barbosa e antero urbano
no trabalhar e seleccionar das imagens: jorge bacelar
na definição do formato do livro e acompanhamento da sua elaboração: helena mouro
na edição e em tudo: jorge pinto guedes (o meu editor e um grande amigo)
no lançamento na torreira, o pessoal de terra:
manuel arcêncio, director do agrupamento de escolas da murtosa, que entendeu desde sempre o meu trabalho e nesta fase final cedeu o espaço e toda a logística.
maria josé ferreira e arlindo silva, que trataram da parte mais delicada do lançamento: entregar os livros, receber os euros e prestar contas.
a todos eles o meu obrigado e um abraço comigo dentro.
bem hajam.
o filme ficou assim
quando o mar trabalha
depois de seco o saco é de novo fechado para o aparelho da xávega poder fazer novo lanço. ao acto de fechar o saco chama-se “dar o porfio”, é o que está a fazer o meu amigo agostinho canhoto
é de rede
deitada ao mar do tempo
este livro
em terra
ficará a contar estórias
a falar de muitas vidas
e saberes
fora dele muito mais
que para tudo
saco não havia
e peixe houve que saltou
deu-se o porfio
fechou-se o saco
é na praia que encontras
os búzios que procuraste
em casa
(torreira; 2011)
a eternidade
se toda a beleza
cabe num instante
também a morte
olho os barcos
vejo os homens
vida a vibrar
angustiam-me barcos
vazios
prenunciando a morte
habitada ria esta
onde homens e barcos
celebram o instante
a eternidade
é aqui agora
feliz eu
(regata do bico; 2018)