no sal a memória do sol e do mar

estalam-me na cabeça os tufões medonhos do atlântico sul rebentam-me nos olhos as calemas de março o simoun enche-me a boca de areia e raiva lambem-me o sexo as chamas que no verão devoram pinhais e searas tremem-me as mãos sinto nos dedos os abalos de agadir mergulham ante meus olhos horrorizados todos os passageiros do titanic o amazonas corre-me nas veias ribombam-me no coração as cataratas do niagara os ouvidos rebentam-me com a pressão dos grandes rios a entrarem no mar o corpo arde na fogueira possesso de um demónio inventado pela inquisição todo eu tremo ante tanto desvario e tudo se conjuga no rodopiar do carrossel louco desta cabeça que não sei se é minha mas que pesa como se fosse o mundo