o verão lateja-me nas veias
o corpo reverbera em vermelho e azul
sinto um aconchego de conchas junto ao pescoço
e apetece-me morrer aqui em pleno agosto
estou cheio de vida
ofereço-te tudo o que o mar pode dar
porque já não sei distinguir entre mim e o mar
são peixes dourados estas mãos que te acariciam o rosto
e de água este corpo que te aguarda em ondas sucessivas
o verão lateja-me nas veias
em cada jarro de vinho bebo
o ritmo pontuado por violas e flautas
madrugada dentro o orvalho humedece o desejo
e caminho ao encontro do sol que me espera sobre a areia
o verão lateja-me nas veias
e agora já posso morrer porque estou cheio de vida