safar as redes, safar a vida (I)


 

salvador rilho (chalana)

o primeiro safar das redes começa no alar.

então se safam os peixes – chocos, linguados… – e se safam caranguejos, alforrecas e as algas maiores.

metro a metro, rede a rede, andar a andar, a rede vai-se acumulando junto à ré, entre o meio do barco e os pés do pescador.

sente-se que a beirada se aproxima da ria e o barco se torna mas pesado à medida que se ala.

depois, regressa-se à marina dos pescadores e outros dançares a rede fará.

na metade traseira do barco o seu primeiro passo

(torreira; 2010)