as mulheres da torreira
sabem do bordão
o peso
carregam-no às costas
como carregam
a lida da casa
as contas da mercearia
o pão para os filhos
o peixe para a janta
a sardinha
arde na brasa
a cavala na panela
as batatas
mais um dia
menos um dia
quem sou eu
para lhes falar do tempo
se só sei ouvir o mar
na praia da torreira, na hora da partida, o barco é seguro por 3 cordas e a muleta (de madeira) as cordas são:
– o reçoeiro, extremidade da corda (cala) que, ligada à rede fica em terra, e enrolada na bica da ré é manejada pelo arrais no segurar do barco
– a regeira da ré, também enrolada à bica da ré e mantida firme por um grupo de homens e mulheres
– a regeira da proa, presa por vezes a um dos golfiões da proa, e que é presa, em terra, a um bordão que é enterrado na areia.
desta forma se mantém o barco perpendicular à praia, fazendo frente às ondas sem risco de virar.
o ti antónio, que já lá vai noutros mares, era sempre, na companha do marco, o homem que levava o bordão da regeira da proa, o enterrava na areia e fazia.
de poucas palavras, como o bordão que tão bem conhecia.
até sempre ti antónio, neto de apelido, de que conheci o pai e cujos sobrinhos netos, que filhos não os teve, continuam na faina da xávega