vai
corre pelos campos
senta-te à sombra das árvores
bebe nas ervas o orvalho matinal
procura-me
onde o céu é mais azul
e o sol acorda mais cedo
não cortes
na primavera
as flores
de joelhos na areia
curvados sobre o pão
do mar
as mãos
sempre as mãos
separam, apartam, cuidam de
se não picar na lacraia
peixe-aranha
cuidam
mas não param
ágeis, frágeis, rudes
mãos de peixe
mãos de pão
mãos de homens de mulheres
de joelhos no chão
(praia de mira, companha do zé monteiro)