não desgastes as palavras
aprende a ouvir o silêncio
a estares por dentro dele
a seres silêncio também
para que a voz te saia límpida
e o grito
o teu grande grito
seja claramente escutado
não desgastes as palavras
braços abertos cega
correu mar
trouxe peixe ou não
na boca imensa
estômago ávido
leve
muito leve
vogou
peixe se o houve
dele cuidaram para a outra fome
e de festa foi o ter havido
esvaído no areal
pesado de tanta areia e mar
espera dos homens os braços
que o libertem
e o levem onde o sol
o tornará de novo ave
para novas viagens
a zorra
a zorro o levará
(torreira; companha do marco; 2010)