calaste-me pedras
não mates a palavra
para continuares vivo
deixa que seja o tempo
a levar-te inteiro
quero-te dizer que dói
assistir à tua morte
sabendo-te vivo
as hienas comem o leão
a noite chega mais cedo
é de restos que se atapetam
os dias que me restam
as pedras esboroam-se
tropeço em montículos de areia
desfeita que foi a memória
calaste-me pedras
(torreira; marina dos pescadores)