sou gorim

e as raízes cresceram para a ria
atravessaram as conchas vazias
traiçoeiro chão
foram ao encontro das origens primordiais
olhei os rostos parados
poisados nas lápides de mármore branco
escutei as vozes antigas
e todas me disseram
és daqui gorim
erguidos os braços
as mãos saudavam-me de dentro das bateiras
do meio da ria
sabiam-me
em voz alta digo os nomes
chamo-os
reconheço neles a minha gente
voltei para partir?
não sei
só sei que estarei sempre aqui
como os que já cá não estão
os gorim

(torreira; 11 de fev de 2017)
na bateira o henrique gamelas ciranda a parca apanha de berbigão. a vida não está fácil na ria
Bonito!