as mãos que não vês

as mãos do agostinho
mãos vazias
esculpidas pelo cinzel
do tempo
mãos de não ter havido
herança basta
apelido sonante
mãos salgadas
de tanto mar tanto suor
tanto serem
mãos com voz
mãos nossas ignoradas
mãos silenciadas
mãos mãos mãos
quantas na mesa o peixe
a carne o pão o vinho
mãos com rosto
mãos mãos mãos
olha as mãos
que não vês
(torreira; 2013)