aqui onde me vês
cresci para as nuvens
e para a terra
sou mais que ninguém
d’aqui
não tenho pernas
tenho raízes fundas
que me prendem
não tenho corpo
tenho tronco que te abriga
não tenho braços nem dedos
tenho ramos e folhas
que te fazem sombra
e te protegem da chuva mansa
não falo
não reclamo
não grito
espero que tu
que tens pernas braços dedos
e voz sejas agora
o que eu para ti fui
o abrigo
a defesa
o amigo
aqui
na rua joaquim sottomayor
onde marcaram quatro irmãs
para serem abatidas
não os deixes
(figueira da foz; 21 de julho, 2017)