queremos estar vivos hoje
recusamos grilhetas antigas de senhores que já matámos
recusamos prender estas bocas
que queremos transbordantes de música
queremos estar vivos hoje
lançar braços sobre o silêncio
rasgar a solidão que cerca de arame farpado
os corações amortalhados nas grandes metrópoles
queremos estar vivos hoje
dizer esta alegria por dentro de nós
derrubar muros e barreiras de línguas e nações
somos todos a mesma gargalhada
e ousamos querer tudo que a tudo temos direito
queremos estar vivos hoje
que ninguém nos venha dizer por onde devemos ir
porque hoje
hoje nós sabemos que queremos
os caminhos por onde seguir
queremos estar vivos hoje
gritar raivas antigas alegrias novas
pontes que construímos para o amanhã
que hoje queremos nosso
porque hoje
hoje
queremos estar vivos sempre