quando o mar trabalha na torreira_homenagem aos bois


o homem ao centro é o manel franciscão

 

história já somos
desta arte

máquinas de músculos
feitas
aqui fizemos diferentes
lavrares

barcos e redes
foram nossos arados
alfaias outras
destes lugares

corremos na areia
entrámos pelo mar
senhores nunca fomos
que doutros era o poder
o mandar

éramos da arte
o diverso
que na memória ficou

 

(torreira; século XX)

e beijaram-se


bateira de caranguejo_chegado
deram-se as mãos
e caminharam
estava sol
por dentro também
há quanto tempo? 

pela estreita entrada
que a maré deixou
o pescador guia o barco
em busca do abrigo
do cais, do regresso
ansiado

 

deram-se as mãos
como há muito não
chegados que eram
de outros caminhares
perdidos no tempo

 

a bateira
vem pesada
caranguejo muito
a paga
sempre pouca
a vida cadela

 

deram-se as mãos
e beijaram-se

xávega_o aparelhar


agostinho trabalhito (canhoto)

neste registo é perfeitamente visível a disposição do “reçoeiro”, junto à caixa do motor, que irá sendo “largado” à medida que o barco se afasta da costa.
sequência de “largar” do lanço: reçoeiro, manga do reçoeiro, saco, manga da mão de barca, mão de barca.

 

 

é este o aparelho da xávega

(torreira; companha do murta; 2007)