a vida fez de mim o que sou
o mar afeiçoou-me os traços
queimou-me o rosto
rasgou-me as mãos
ensinou-me a ser paciente
a só ter medo do medo
espero pelos dias de sol
pescando noutras águas
o mar é ainda o desafio
casa grande o barco alberga-me
o corpo da fúria das vagas
leva-me onde talvez peixe
deixo o meu nome escrito
na areia
junto ao de todos os meus camaradas
que o tempo levou
e o vento apagou
(torreira; século XX)