não sabem
não sabem nunca
se o regresso
terá a luz da partida
sabem apenas
que quem não parte
partiu há muito
no vulgar descrever das coisas
cai a noite
uma guitarra celebra paredes
enquanto na lama da ria
uma mulher morde a sobrevivência
na apanha de amêijoas onde já ninguém
a miséria mais dura
convive lado a lado com a beleza da música
criando uma atmosfera de irrealidade insuportável
no vulgar descrever das coisas
cai a noite
quisera saber como acolhê-la