
assim o moliceiro
a ilha do amoroso, uma das três grandes ilhas existentes na ria de aveiro – monte farinha, testada e amoroso -, era propriedade do meu tio avô césar cravo (também conhecido por césar gorim), arcênsio cunha e antónio silva, todos relacionados por parentesco entre as esposas.
quem fazia o pagamento aos moliceiros era o meu tio césar, o que me permitiu assistir a uma das mais belas cenas da minha juventude: o pagamento semanal aos moliceiros e mercantéis.
todos os domingos, no fim da missa, com a “roupa de ver a deus”, os donos dos barcos dirigiam-se a casa do meu tio avô, que os esperava à porta, na eira, com uma garrafa de vinho fino, um cálice e um saco de pano. um a um iam chegando e cada um dizia: sr. césar são tantas barcadas de moliço, tantas de arrolado, tantas de junco, o que dá… e o pagamento era feito para dentro do saco e anotado.
havia dois tipos de moliço: o que era apanhado no fundo e o que andava à superfície da ria (arrolado), tinham preços diferentes, o primeiro era mais caro.
o junco, era apanhado em terra, com gadanhas, e carregado por mercantéis ou moliceiros.
ambos serviam para adubo, embora o junco fosse utilizado para fazer a cama dos currais, a nas “casinhas” ….. antes de ser usado como adubo.
MOLICEIROS SEMPRE!!!!!!!!

beleza de cisne
(ria de aveiro; s. paio, setembro, 2014)