com o bordão, o agostinho ampara e ergue a manga que já se encheu de areia
“Aprender a olhar é ver juntos o diferente.”
Marcos Meira
com o bordão, o agostinho ampara e ergue a manga que já se encheu de areia
(torreira; companha do marco; 2013)
recachia
“Será através dos olhos que
passarás aos teus filhos tudo
o que souberes”
José Luís Peixoto in “Em teu ventre”
(torreira; regata do s. paio; 2014)
as imagens falam
parida para a faina
ouço as imagens
trazem os amigos
enchem de cor
o cinzento deste dias
o dia começa
(torreira; partida para largar as redes)
palavras
o luciano e o trovão carregam o saco
escrevo solidão
para não estar só
acompanho-me
de palavras
uma companha é assim
(torreira; companha do marco 2010)
sonhar
o cristina e sara do ti virgílio
nem sempre
há uma vela no horizonte
nem sempre
há um barco poisado no mar
mas nada
nada me impede de sonhar
(torreira; regata da ria; 2013)
a força do mar
maré cheia, ondas de 3,80 m e nem comento
amputado
a harmonia da ria – esta foto está no meu livro “sou tudo o que aqui encontras”
mesmo sem te ver sinto-te
a tua ausência dói-me
sei-te demasiado
não ando por onde andámos
para não te dar o braço
o que me cortaram
escrevo-me-te para sermos
sem vento e com velas, o esplendor da ria
(torreira; regata das bateiras à vela; s. paio; 2012)
ser
o agostinho trabalhito (canhoto) dá o porfio ao saco
o teu tempo chegará
quando tempo for
sê sem tempo
(torreira; companha do marco: 2011)
o moliceiro em repouso
escorre-me pelo rosto
uma lágrima doce
chove
como se posasse
(torreira; regata s. paio; 2012)
ser pescador aqui
henrique brandão com um saco de 20kg de berbigão
aqui
pescador é operário
em fábrica onde água
é chão
aqui
pescador é escravo
de quem dizem ser
patrão
apanhar, cirandar, escolher, ensacar, levar ao intermediário – circuito do berbigão
(torreira; berbigão)
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