volto já

falo-te de um tempo
onde os dias se enroscam
preguiçosos e friorentos
sequiosos de sol
vai longe o verão
vão longe todos os verões
abraço-me e aqueço-me
sou a lágrima sustida nas cordas
dos cílios teimosos
amanhã quando acordar
ainda estarei constipado
nada que adoce a amargura
vou ver se roubo umas frases
bonitas e com elas fazer de conta
que sou o que gostava de ser
volto já
(torreira; o arribar do reçoeiro; 2016)
Não é necessário procurares no baú do tempo as palavras para voltares a ser.
Tu és sempre, ainda que em dias de Outono.
A amargura que se instalou depois de todos os Verões, é a amargura temporária de quem passa os dias a escrever na areia.
A busca constante que te deixa ainda mais amargo, é o desmerecimento de ti.
Afinal tu serás SEMPRE!
Com um abraço da Amiga
quando escrevo, escrevo-me? digo-me? não sei. sou, naquele momento, aquelas palavras. apenas isso ou mais do que isso? quem lê não escreveu, quem escreveu quase nunca relê. como saber o que ?
abraço amigo