“quando o mar trabalha” – lançamento na praia da tocha


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retratado pelo amigo camilo rego

porque as palavras ditas estão no vídeo,  ficam aqui as palavras escritas – enviadas por email –  por uma amiga de lisboa a dizer do livro.

“Bom dia, António…

São quase 3 da manhã, começo agora mas não sei quando concluirei. É tanto o que despertou em mim a tua leitura, tenho dificuldade em começar.

Peguei no livro que recebi, o toque da campaínha, a minha mãe a perguntar do alto dos cento e tal degraus ” o que traz hoje ?”,  através dos anos, trouxe-me a memória da peixeira, não no areal, mas numa rua de Lisboa.

Fazes a homenagem às rugas, aos sonhos desfeitos na espuma do tempo, à esperança no amanhã, ao continuar até…, remendas as redes da vida dura, entre sal, areia, gaivotas, MUITO MAR e algum amor.

O carapau, a sardinha sofrem quando o saco é aberto, para gozo dos veraneantes, que confundem o trabalho, morte, com uma festa.

Assisti no ano passado na Costa da Caparica e tentei mostrar aos meus netos a singularidade do morrer para viver.

Estão ali os que partiram, mas permanecem em ti e os que sobrevivendo se mantêm.

Estão afinal todos, contigo nas letras e no teu olhar.

Mas… Aquelas belas fotografias a que me habituaste no Facebook, ficam apagadas pela qualidade da edição.”

 o vídeo da apresentação

a assistência retratada pelo amigo paulo delgado

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com pedro lindim, presidente da associação de moradores da praia da tocha, retratados por camilo rego

eu+pedro lindim_camilo rego

não posso deixar de referir os momentos que mais me emocionaram durante a apresentação:

  • uma família que já tinha estado na torreira, no lançamento, e voltou à tocha para ouvir de novo o livro contado, amigos assim há poucos
  • os meus vizinhos da figueira da foz que se deslocaram à tocha
  • um amigo que ficou para o fim e me disse: quero o seu livro, está aqui o dinheiro que ganhei hoje a vender raspadinhas na praia. por favor escreva na dedicatória o seu número de telefone para o poder contactar

todos os presentes foram muito participativos e a todos agradeço o terem estado e aguentado a descarga emocional que a leitura do livro sempre produz. bem hajam

obrigado associação de moradores da praia da tocha, junta de freguesia da tocha e câmara municipal de cantanhede

obrigado tânia

para ti PAULO DELGADO já não há palavras, foram todas dentro do abraço.

quando o mar trabalha – o livro passo a passo (1)


plano 520180820_AhCravoGorim_plano5o livro está aí, caminha e diz-se, cresce e faz-se.

sexta-feira pelas 21h30m nos palheiros da tocha mais uma apresentação.

todos os dias há pedidos de quem o viu e sentiu, de quem ouviu falar dele, de quem ainda não mas …. quer

nunca pensei fazer algo de que gostasse tanto e de que tantos gostassem.

começo aqui, agora uma espécie de edição em banda desenhada virtual

o link para uma amostra no ISSUU

 

 

 

quando o mar trabalha


talvez

5dia_35_DSC9614_aescolhidos e fixados estão os textos (51)

as fotos:

  • ainda se editam, na busca do melhor (87)
  • os retratos vão precisar de autorização de descendentes ou sobreviventes (maioria dos casos) ou dos próprios (não muitas) – será em em junho e julho que as conseguirei (ou não)

o livro está pois preso por pontas.

espero que venham a gostar de o ver/ter/ler tanto como eu, e os que comigo estiveram, gostámos de o fazer.

esperemos pelo sol e o mar.

talvez chegue a tempo de ir a banhos.

 

os noivos do mar


 

barco mar maria de fátima

barco mar maria de fátima

 
só sei de dois mares
o dos que ficam com ele
pendurado nos olhos
e o dos que só são se por ele dentro

ter o mar por destino
é ter nascido e crescido a ele igual
tê-lo ouvido rugir no berço
nas noites de nortada invernal
e esperar ansioso o dia

de com ele noivar

 

(torreira; companha do marco; 2010)

quando o mar trabalha na torreira_da partida


 

sinto que posso partir

o tempo passou

como o norte no cabelo

 

a despedida está feita

volto à terra

ao seu seio mais fundo

 

a minha viagem

foi longa

o destino aproxima-se

aí me apearei

e serei terra também

 

deixo no mar

nos meus irmãos

de outros arados

a lembrança

de um vestido negro

e um guarda chuva em dias de sol

 

vim da terra

à terra volto

levo comigo o mar

sei que vou morrer

cheia de vida

 

(torreira, século XX)

quando o mar trabalha na torreira_antónio trabalhito (barbeiro)


antónio trabalhito (barbeiro)_falecido

 

pescador
já meu avô o era
quando o meu pai o foi
eu começava a ser

gatinhava pela areia
ao colo de minha mãe
quando cansado

o mar sempre

corria então pela areia
atrás das redes gentes bois
ria-me com os peixes a saltar na lona
escondia-me na sombra dos barcos
sentava-me nas cordas
cadeiras minhas de criança

há quanto tempo…

hoje já eu fui
meu filho é
meu neto que será ?

 

(torreira, século XX)