postais da ria (485)

quem tem boca
muitas vezes
devia estar calado

(cabrita de pé; torreira; 2012)

Outubro 24, 2023 by ahcravo

postais da ria (480)

limpar as palavras
encontrar-lhes a essência
bebê-las água são

(cabrita de pé; torreira; 2012)

Agosto 14, 2023 by ahcravo

a formiga parou 
para ouvir a cigarra
o poema primevo

(cabritar; cabrita de pé; torreira; 2012)

Julho 22, 2023 by ahcravo

a minha terra 
é o mundo

a minha casa
não tem paredes 
sequer é minha

eu sou
isso me basta
e sê-lo

é viver
ser o outro

(cabrita de pé; cabritar; torreira; 2012)

Janeiro 11, 2016 by ahcravo

há dias assim

a ceifa da ria

não morras já
deixa que as gaivinas
levantem voo

depois
depois parte

seara salgada esta

(torreira; apanha de ameijoa japónica)

é manhã lá fora

tudo é agora longe

líquida a tristeza
inunda tudo
sobe pelas paredes
invade os corpos

baços os olhos
não se sabem
sorriem por vezes

o sol entra pela janela
é manhã lá fora

quando sonhar é lembrar

(ria de aveiro; torreira)

no relógio das marés
a hora acerta todos os gestos

é tempo de regressar

(torreira; regresso de cabritar; 2012)