8 anos de 5as de leitura e … maria do rosário pedreira leva-nos a conhecer os homens por detrás dos livros – joão de melo e mário cláudio.
ouvir os escritores falarem de si, mais do que da sua obra, das pequenas coisas que os tornaram grandes é uma viagem para que vos convido.
por princípio não faço cortes nos meus registos, fá-los-ão os que acharem que os devem fazer, onde por bem entenderem. porque todos somos diferentes, que cada um decida do que seu quer fazer.
a mim coube-me apenas registar, com o que o equipamento que possuo, mais um momento de enriquecimento daquilo a que chamamos: saber.
era uma vez um GRANDE contador de histórias, com uma memória impressionante e uma cultura incomum. aquilo a que chamo “UM SER ILUMINANTE”.
esteve na figueira da foz no dia 25 de maio de 2017 e foi… como podem ver no registo, uma noite inesquecível.
Onésimo Teotónio Almeida nasceu nos Açores (São Miguel), em 1946, e reside desde 1972 nos Estados Unidos, vivendo entre as margens americana e europeia do rio que banha as suas ilhas – o Atlântico. Doutorou-se em Filosofia na Universidade de Brown (Providence, Rhode Island) e aí é catedrático no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros, lecionando também no Wayland Collegium for Liberal Learning e no Renaissance and Early Modern Studies Program da mesma universidade.
Divide-se entre a escrita livre (crónica, conto, teatro, prosemas) e o ensaio, que ocupa o lugar central. Entre os seus livros mais recentes contam-se: Livro-me do Desassossego (2006), Aventuras de um Nabogador (2008), Onésimo. Português sem Filtro (2011) e Quando os Bobos Uivam (2013). No ensaio: De Marx a Darwin – A Desconfiança das Ideologias (2009), O Peso do Hífen – Ensaios sobre a Experiência Luso-Americana, Açores, Açorianos, Açorianidade – Um Espaço Cultural (2011), Minima Azorica. O Meu Mundo é Deste Reino (2014), Pessoa, Portugal e o Futuro (2014), Despenteando Parágrafos (2015) e Obsessão da Portugalidade (2017).
É doutor Honoris Causa pela Universidade de Aveiro.
a 21 de abril de 2017, na assembleia figueirense, decorreu o lançamento da última obra de antónio tavares.
maria do rosário pedreira e cesário borga, abordaram a obra sob perspectivas diversas: as suas, as da sua profissão.
afinal estávamos perante uma obra literária que tinha como personagem principal um jornalista.
antónio tavares
“Se há tanta gente a escrever e tão bem, porque é que me hei-de meter nisto?”
António Tavares nasceu em 1960 em Angola, mudando-se para Portugal em 1975, no processo de descolonização.
Viveu em várias cidades portuguesas. Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. É professor do ensino secundário, actividade que suspendeu para exercer actualmente o cargo de vice-presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz. Foi jornalista, fundador e director do jornal regional A Linha do Oeste. Fundou e coordenou a revista Litorais.
Escreveu peças para teatro – “Trilogia da Arte de Matar”, “Gémeos 6” e “O Menino Rei” –, estudos e ensaios – Luís Cajão, o Homem e o Escritor; Manuel Fernandes Thomás e a Liberdade de Imprensa; Arquétipos e Mitos da Psicologia Social Figueirense e Redondo Júnior e o Teatro. Com o segundo romance, O Tempo Adormeceu sob o Sol da Tarde, obteve uma menção honrosa no prémio Alves Redol, atribuída em 2013 pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Ainda não o publicou. “Não queria que este fosse o segundo romance meu a sair”, disse. Com a publicação prevista de O Coro dos Defuntos pela Leya, o autor já vê com bons olhos a sua chegada às livrarias.
António Tavares já tinha sido finalista do Prémio Leya 2013, com o romance As Palavras Que Me Deverão Guiar Um Dia, editado pela Teorema. Foi o primeiro que escreveu, em 2012, já com 52 anos de idade. “Sempre pensei que se há tanta gente a escrever e tão bem, porque é que me hei-de meter nisto? Pensava que não era capaz. Tinha feito jornalismo e peças de teatro, mas nunca me tinha aventurado pelo romance porque achava que não tinha fôlego para o fazer”, disse. Tirou duas semanas de férias, fechou-se e ficou surpreendido com o resultado: “Saiu-me tudo cá para fora, como um jacto, estava tudo muito à flor da pele. E o imenso gozo que me deu!”.
“Um escritor não deve só escrever”
Foi o presidente do júri, Manuel Alegre, que lhe ligou durante a manhã para anunciar a novidade. “Tinha uma esperançazinha vaga [de ganhar], que ao mesmo tempo ia tentado dissipar, mas tinha”, admitiu. Para além de Manuel Alegre, do júri fizeram parte Nuno Júdice, Pepetela, José Castello, e ainda José Carlos Seabra Pereira, Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Lourenço do Rosário, Reitor do Instituto Superior Politécnico e Universitário de Maputo, e Rita Chaves, Professora da Universidade de São Paulo.
O vencedor leva para casa 100 mil euros, valor máximo de um prémio literário para romances em língua portuguesa. Para o premiado é essencialmente um incentivo a continuar, uma recompensa. “Mas também é um prémio que me dá alguma responsabilidade, vou ter de me dedicar mais tempo”, disse. Não pensa, contudo, em dedicar-se a 100% à escrita. “Não encaro de maneira nenhuma a possibilidade de só escrever. Concordo com o que diz o Mia Couto, que o escritor não deve escrever só, deve ter o resto da sua vida”.
Um jornalista reescreve diariamente a história do mundo nos anos 1950/60.
1953. Este é um ano rico em acontecimentos: Eisenhower é eleito Presidente dos EUA, Churchill ganha o Prémio Nobel da Literatura, os Rosenberg são acusados de espionagem e executados, Tito torna-se o timoneiro da Jugoslávia… E, porém, os factos que atraem o protagonista deste romance – um jovem jornalista sem dinheiro que deambula por uma Lisboa de cafés e águas-furtadas – são claramente delicados em tempo de censura, pois prendem-se com as múltiplas conspirações que rodeiam a morte e a sucessão de Estaline na União Soviética. Não só é preciso que escreva com pinças para fintar o regime, como a informação que lhe chega de fora é escassa e contraditória, obrigando-o a dar largas à sua imaginação…
Muitos anos depois, de regresso à aldeia onde nasceu e a que o liga a memória da mãe, sente o rasto da velhice na metáfora de uma fogueira que vai consumindo o que ainda lhe sobra desse passado e relembra as mulheres que o marcaram e os deuses que ajudou a criar na sua prosa diária.
(com “Todos os Dias Morrem Deuses”, o romance ” O Tempo Adormeceu sob o Sol da Tarde” é finalmente publicado. pelo que , cronologicamente este é o seu segundo romance, mas em termos de edição será o terceiro.
porque os dois apresentadores do livro não tocaram em dois pontos que muito me atraíram no livro, aqui ficam duas dicas para os leitores:
– a presença de fernando pessoa
– a janela e o que dela se vê, não vê, ou se pode imaginar
antónio ficcionou outro antónio, que ficcionou a realidade. é assim que os deuses morrem e nascem)
o que é um escritor? escrever o que é? escrever o quê? escrever como? escrever quando?
quantas perguntas …..
ouver um escritor, sentir o peso das palavras ditas e pressentir o labor das escritas, tentar descobrir o autor, é o que acontece nas “5as de leitura”, na biblioteca joaquim de carvalho, na figueira da foz.
joão ricardo pedro é um ESCRITOR a falar de si, da sua arte e do seu labor, neste breve registo.
no dia 15 de dezembro de 2016, no âmbito da programação das “5as de leitura”, a escritora ana margarida carvalho, falou e de si e da sua obra.
dois romances: “que importa a fúria do mar” e “não se pode viver nos olhos de um gato”.
desse encontro com a escritora, mediado pela editora maria do rosário pedreira e pelo escritor/autarca antónio tavares, fez-se este despretensioso documento fílmico.
importante é ler os romances aqui abordados, são e serão obras fundamentais na literatura portuguesa deste primeiro quartel do século XXI.
“Ana Margarida de Carvalho nasceu em Lisboa, onde se licenciou em Direito e viria a tornar jornalista, assinando reportagens que lhe valeram sete dos mais prestigiados prémios do jornalismo português, entre os quais o Prémio Gazeta Revelação do Clube de Jornalistas de Lisboa, do Clube de Jornalistas do Porto ou da Casa de Imprensa. Passou pela redacção da SIC e publicou artigos na revista Ler, no Jornal de Letras, na Marie Claire e na Visão, onde ocupa actualmente o cargo de Grande Repórter e faz crítica cinematográfica no roteiro e no site de cinema oficial da revista, o Final Cut. Leccionou workshops de Escrita Criativa, foi jurada em vários concursos oficiais e festivais cinematográficos e é autora de reportagens reunidas em colectâneas, de crónicas, de guiões subsidiados pelo ICA e de uma peça de teatro.”
“Breve História do Concelho da Murtosa”, autor “Marco Pereira”
(algumas notas breves, precedidas de um sublinhado)
em qualquer publicação é tão importante a citação como a omissão.
isto dito, e sem retirar valor, nem importância à obra citada, queria deixar 3 notas breves para os desenvolvimentos temáticos futuros:
moliceiros: ainda há moliceiros na ria. é importante fazer a história das regatas e sua importância na dinamização turística temática e preservação do património, único no mundo. os moliceiros tradicionais e os passeios na ria.
companhas: ainda existem companhas activas na torreira. importante referir as que estão em laboração, as que ao longo do século xx trabalharam e as alterações sofridas nos métodos de trabalho: dos bois aos tractores, dos remos aos motores, por exemplo. parece-me importante que seja referido o seu papel na atracção turística temática.
literatura: não consta o nome do dr. Raul Vaz, entre os escritores listados. penso que, enquanto murtoseiro e pela obra produzida, merece lugar de relevo entre os nomeados.